Bem, na verdade não tô migrando, migrando. Tô admitindo que isso aqui tá às moscas e assim vai ficar.
Não deixem de visitar meu novo ainda-não-abandonado blog/album em:
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E comentem, seus putos, que os comentários são um estímulo à continuidade, ainda quando não passam de esculachos.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Querida, olhaí as dicas:
Regra #1: Quando estiver em duvida, compre para ele uma furadeira sem fio. Não importa se ele já tem uma. Tenho um amigo que tem 17 exemplares, e nunca reclamou. Um homem nunca tem furadeiras sem fio de mais. Ninguém sabe o porquê.
Regra #2: Se você está muito, muito quebrada, compre para ele algum acessório para o carro. Pode ser alguma coisa para pendurar no retrovisor, um adesivo legal ou até mesmo um preteador de pneus. Homens adoram presentes para o seus carros. Ninguém sabe o porquê.
Regra #3: Você pode comprar para ele um controle remoto reserva, para que ele não fique preocupado em estragar/perder o atual. Caso você tenha uma grana extra sobrando, compre uma TV grande, daquelas com uma telinha no canto da imagem. Veja enquanto ele fica maluco trocando os canais.
Regra #4: Nunca compre para um homem um desodorante/loção pós-barba/perfume em embalagens industriais. Homens gostam de pensar que não fedem, que tem um odor natural.
Regra #5: Compre para ele um etiquetador. Quase tão bom quanto uma furadeira sem fio. Em algumas semanas absolutamente tudo vai possuir uma etiqueta. “Meias. Cuecas. Copos. Talheres. Porta. Pia. Sapatos.” Você entendeu aonde quero chegar. Mas ninguém sabe o porquê disso.
Regra #6: Nunca compre algo para um homem que venha escrito na caixa “Montagem Necessária”. Vai estragar o dia especial dele. Montagens sempre ficam com peças sobrando, e isso deprime.
Regra #7: Homens adoram o perigo. É por isso que eles não cozinham, mas fazem churrasco (ninguém sabe o porquê). Compre para ele uma grelha monstro movida a gás. Diga que a mangueira do gás vaza. “Oh, a adrenalina! O desafio! Quem quer um hambúrguer?!”
Regra #8: Ingressos para o jogo do time dele é um presente inteligente. Mas é arriscado, o final da noite vai depender do resultado do jogo. Todos sabem o porquê.
Regra #9: Homens adoram motosserras. Nunca, jamais, compre uma motosserra para um homem. Se você não sabe o por quê, volte para a Regra #5 e veja o que acontece quando ele ganha um etiquetador, é praticamente a mesma coisa.
Regra #10: Corda. Homens adoram cordas. Isso leva os leva para as origens de cowboy. Ou, pelo menos, os faz lembrar dos tempos de escoteiro. Nada diz eu te amo como 50 metros de uma corda trançada de nylon. Ninguém sabe o porquê.
Vi no CAPINAREMOS
Regra #2: Se você está muito, muito quebrada, compre para ele algum acessório para o carro. Pode ser alguma coisa para pendurar no retrovisor, um adesivo legal ou até mesmo um preteador de pneus. Homens adoram presentes para o seus carros. Ninguém sabe o porquê.
Regra #3: Você pode comprar para ele um controle remoto reserva, para que ele não fique preocupado em estragar/perder o atual. Caso você tenha uma grana extra sobrando, compre uma TV grande, daquelas com uma telinha no canto da imagem. Veja enquanto ele fica maluco trocando os canais.
Regra #4: Nunca compre para um homem um desodorante/loção pós-barba/perfume em embalagens industriais. Homens gostam de pensar que não fedem, que tem um odor natural.
Regra #5: Compre para ele um etiquetador. Quase tão bom quanto uma furadeira sem fio. Em algumas semanas absolutamente tudo vai possuir uma etiqueta. “Meias. Cuecas. Copos. Talheres. Porta. Pia. Sapatos.” Você entendeu aonde quero chegar. Mas ninguém sabe o porquê disso.
Regra #6: Nunca compre algo para um homem que venha escrito na caixa “Montagem Necessária”. Vai estragar o dia especial dele. Montagens sempre ficam com peças sobrando, e isso deprime.
Regra #7: Homens adoram o perigo. É por isso que eles não cozinham, mas fazem churrasco (ninguém sabe o porquê). Compre para ele uma grelha monstro movida a gás. Diga que a mangueira do gás vaza. “Oh, a adrenalina! O desafio! Quem quer um hambúrguer?!”
Regra #8: Ingressos para o jogo do time dele é um presente inteligente. Mas é arriscado, o final da noite vai depender do resultado do jogo. Todos sabem o porquê.
Regra #9: Homens adoram motosserras. Nunca, jamais, compre uma motosserra para um homem. Se você não sabe o por quê, volte para a Regra #5 e veja o que acontece quando ele ganha um etiquetador, é praticamente a mesma coisa.
Regra #10: Corda. Homens adoram cordas. Isso leva os leva para as origens de cowboy. Ou, pelo menos, os faz lembrar dos tempos de escoteiro. Nada diz eu te amo como 50 metros de uma corda trançada de nylon. Ninguém sabe o porquê.
Vi no CAPINAREMOS
domingo, 14 de dezembro de 2008
Jorge, aquele Jorge...
Jorge de Capadócia
Ou São Jorge para os íntimos.
De acordo com a lenda, Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do sudeste da Anatólia que, atualmente, faz parte da República da Turquia. Ainda criança, mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu pai morrer em batalha. Sua mãe, ela própria originária da Palestina, possuía muitos bens e o educou com esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo a função de Tribuno Militar.
Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Vendo, Jorge, que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.
O imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos e no dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.
Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O que é a Verdade?". Jorge respondeu-lhe: "A Verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e Nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade."
Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio aos poucos ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, segundo a tradição católica, em Nicomédia (Ásia Menor).
Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lida (Antiga Dióspolis), cidade em que crescera com sua mãe. Lá ele foi sepultado, e mais tarde o imperador cristão Constantino, mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente.
Pelo século V, já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, em Bizâncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica.
Disseminação da devoção a São Jorge
Na Itália, era padroeiro da cidade de Gênova. Frederico III da Alemanha dedicou a ele uma Ordem Militar. Na França, Gregório de Tours era conhecido por sua devoção ao santo cavaleiro; o Rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa Clotilde, mandou erguer várias igrejas e conventos em sua honra. A Inglaterra foi o país ocidental onde a devoção ao santo teve papel mais relevante.
O monarca Eduardo III colocou sob a proteção de São Jorge a Ordem da Jarreteira, fundada por ele em 1330. Por considerá-lo o protótipo dos cavaleiros medievais, o rei inglês Ricardo I, comandante de uma das primeiras Cruzadas, constituiu São Jorge padroeiro daquelas expedições que tentavam conquistar a Terra Santa dos muçulmanos. No século XIII, a Inglaterra já celebrava o dia dedicado ao santo e, em 1348, criou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Os ingleses acabaram por adotar São Jorge como padroeiro do país, imitando os gregos, que também trazem a cruz de São Jorge na sua bandeira.
Ainda durante a Grande Guerra, muitas medalhas de São Jorge foram cunhadas e oferecidas aos enfermeiros militares e às irmãs de caridade que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos de guerra.
As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo. Em Paris, no Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael, intitulado São Jorge vencedor do Dragão. Na Itália, existem diversos quadros célebres, como um de autoria de Donatello.
A imagem brasileira de São Jorge seria, possivelmente, de autoria de Martinelli.[1]
Padroeiro da Inglaterra
Não há consenso, porém, a respeito da maneira como teria se tornado patrono da Inglaterra. Seu nome era conhecido pelos ingleses e irlandeses muito antes da conquista normanda, o que leva a crer que os soldados que retornavam das cruzadas influíram bastante na disseminação de sua popularidade. Acredita-se que o santo tenha sido escolhido o padroeiro do reino quando o rei Eduardo III fundou a Ordem da Jarreteira, também conhecida como Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, em 1348.De acordo com a história da Ordem da Jarreteira, Rei Artur, no século VI,colocou a imagem de São Jorge em suas bandeiras.[2] Em 1415, a data de sua comemoração tornou-se um dos feriados mais importantes do país.
Hoje em dia na Inglaterra, todavia, a festa de São Jorge comemorada todo dia 23 de abril tem tido menos popularidade ao longo das últimas décadas. Algumas rádios locais, como a BBC já chegaram a promover enquetes perguntando qual seria, de acordo com a opinião pública, o orago dos ingleses, e eis que o eleito foi Santo Alba. Muitos fatores contribuíram a isso. Primeiramente por ter sido substituído, segundo bula do Papa Leão XIII de 2 de junho de 1893, por São Pedro como padroeiro da Inglaterra — recomendação que perdura até hoje.
Posteriormente, pelas reformas do Papa Paulo VI, São Jorge foi rebaixado a santo menor de terceira categoria (segundo hierarquia católica), cujo culto seria opcional nos calendários locais e não mais em caráter universal. No entanto, a reabilitação do santo como figura de primeira instância pelo Papa João Paulo II em 2000, conferiu nova relevância a São Jorge. Atualmente, haja vista a grande popularidade e apelo turístico de festas como a escocesa St. Andrew's Day, a irlandesa St. Patrick's Day e mesmo a galesa St. Dave's Day, têm-se formado grande iniciativa de setores nacionalistas para que o St. George's Day volte a gozar da mesma popularidade entre os ingleses como antigamente.
Padroeiro da Catalunha
A presença documental da devoção a São Jorge em terras catalãs remonta ao século VIII: documentos da época falam de um sacerdote de Tarragona chamado Jorge que fugiu para a Itália. Já no século X, um bispo de Vic tinha o nome de Jorge, e no século XI o abade Oliba consagrou um altar dedicado ao santo no mosteiro de Ripoll. Encontram-se exemplos do culto a São Jorge dessa época, na consagração de capelas, altares e igrejas em diversos pontos da Catalunha. Os reis catalães mostraram a sua devoção a São Jorge: Tiago I de Catalunha explica em suas crônica que foi visto o santo ajudando os catalães na conquista da cidade de Malorca; Pedro o Cerimonioso fundou uma ordem de cavalaria sob a sua proteção; Afonso, o Magnânimo dedicou-lhe capelas nos reinos da Sardenha e Nápoles.
Os reis e a Generalidade da Catalunha impulsionaram a celebração da festa de São Jorge por todas as regiões catalãs. Em Valência, em 1343, já era uma festa popular; em 1407, Mallorca celebrava-a publicamente. Em 1436, a Generalidade da Catalunha propôs, nas côrtes reunidas em Montsó, a celebração oficial e obrigatória de São Jorge; em 1456, as côrtes reunidas na Catedral de Barcelona ditaram uma constituição que ordenava a festa, inclusa no código das Constituições da Catalunha. As remodelações do Palácio da Generalidade (sede do governo catalão) feitas durante o século XV são a prova mais clara da devoção impulsionada por esse orgão público, ao colocar um medalhão do santo na fachada gótica e ao construir no interior a capela de São Jorge.
São Jorge, o Dragão e a Lua
Baladas medievais contam[3], que Jorge era filho de Lorde Albert de Coventry. Sua mãe morreu ao dar a luz á ele e o recém nascido Jorge, foi roubado pela Dama do Bosque, para que pudesse mais tarde, fazer proezas com suas armas. O corpo de Jorge, possuia três marcas, um dragão em seu peito, uma jarreira, em volta de uma das pernas e uma cruz vermelho-sangue em seu braço. Ao crescer e adquirir a idade adulta, ele primeiro lutou contra os sarracenos, e depois de viajar, durante muitos meses, por terra e mar, foi para Syle´n, uma cidade da Líbia.
Nesta cidade Jorge encontrou um pobre eremita, que lhe disse que toda cidade, estava em sofrimento,pois lá existia um enorme dragão, cujo hálito venenoso, podia matar toda uma cidade e cuja pele, não poderia ser perfurada, nem por lança e nem por espada. O eremita lhe disse, que todos os dias, o dragão exigia o sacrifício de uma bela donzela e que todas as meninas da cidade, haviam sido mortas, só restando a filha do rei, Sabra, que seria sacrificada no dia seguinte, ou dada em casamento, ao campeão que matasse o dragão.
Ao ouvir a história, Jorge ficou determinado em salvar a princesa, ele pasou a noite na cabana do eremita e quando amanheceu, partiu para o vale onde o dragão morava. Ao chegar lá, viu um pequeno cortejo de mulheres, lideradas por uma bela moça vestindo, trajes de pura seda árabe. Era a princesa, que estava sendo conduzida pelas mulheres, para o local do sacrifício. São Jorge, se colocou na frente das mulheres, com seu cavalo e com bravas palavras, convenceu a princesa a voltar para casa.
O dragão ao ver Jorge, sai de sua caverna, rosnando tão alto, quanto o som de trovões. Mas Jorge não sente medo e enterra sua lança na garganta do monstro, matando-o. Como o rei do Marrocos e do Egito, não queria ver sua filha casada, com um cristão, envia São Jorge para a Persia e ordena que seus homens, o matem. Jorge se livra do perigo e leva Sabra para a Inglaterra, onde se casa e vive feliz, com ela até o dia de sua morte, na cidade de Coventry.
De acordo com a outra versão[4], Jorge acampou com sua armada romana, próximo a Salone, na Líbia. Lá existia um gigantesco crocodilo-alado que estava devorando os habitantes da cidade, que buscarão refúgio nas muralhas desta. Ninguem podia entrar ou sair da cidade, pois o enorme crocodilo alado, se posicionava em frente a estas. O hálito da criatura, era tão venenoso, que pessoas, próximas, podiam morrer envenenadas. Com o intuito de manter, a besta longe da cidade, a cada dia, ovelhas eram oferecidas a fera, até estas terminarem e logo, crianças, passaram a ser sacrificadas
O sacrifício, caiu então, sobre a filha do rei, Sabra, uma menina de quatorze anos. Vestida como se fosse, para o seu próprio, casamento, a menina deixou a muralha da cidade e ficou a espera da criatura. Jorge o tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao episódio, montou em seu cavalo branco e foi até o reino, resgata-la.Jorge foi até o reino resgata-la, mas antes, fez o rei jurar, que se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súditos, se converteriam ao cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do "dragão". Ao encontrar a fera, Jorge a atinge, com sua lança, mas esta, se despedaça, ao ir de encontro a pele do monstro e com o impacto, São Jorge cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o seu corpo, até uma árvore de laranjeira, onde fica protegido por ela, do veneno do dragão, até recuperar suas forças.
Ao ficar pronto, para lutar novamente, Jorge, acerta a cabeça do dragão, com sua poderosa espada Ascalon. O dragão, derrama então o veneno sobre ele,dividindo, sua armadura em dois. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e em seguida, crava sua espada, sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai muito ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a arrasta, para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa conduzindo o dragão, como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da fera, na frente de todos; e as pessoas de toda cidade, se tornam cristãs.
O dragão (o demônio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu representaria a província da qual ele extirpou as heresias.
A relação entre o santo e a lua viria de uma lenda antiga que acabou virando crença para muitos. Diz a tradição que as manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda.
São Jorge na cultura popular
• Dia 23 de abril, para algumas das religiões afro-brasileiras, é o dia em que se fazem homenagens ao santo.
• Jorge de Capadócia é uma música de Jorge Ben, interpretada também por Caetano Veloso, Fernanda Abreu e pelos Racionais MC's.
• As tatuagens com o santo estão entre as que fazem mais sucesso no Brasil.[carece de fontes?]
• Atualmente existe uma grande variedade de produtos de moda que possuem a estampa de São Jorge, desde simples camisas até mesmo bolsas de marcas famosas.[carece de fontes?]
• São Jorge é tido como o padroeiro do Corinthians. Acredita-se que sua história de devoção e fidelidade à Verdade cristã até o fim de seu martírio seja a origem do termo "Fiel", popular entre os torcedores e presente em várias agremiações corintianas.
• Existe um romance sobre São Jorge criado pelo escritor italiano Tito Casini chamado Perseguidores e Mártires (no Brasil, editado pelas Edições Paulinas, por volta de 1960). No livro, São Jorge é retratado como o verdadeiro paladino da Capadócia, que, apesar de ser perseguido pelo tirano imperador Diocleciano, manteve-se fiel ao Império Romano, mas também a Cristo, e se recusou a contrair alianças com o genro do imperador, Galério, que pretendia ter o apoio do conde da Capadócia para deliberar um golpe contra Diocleciano, o que terminantemente, o santo militar recusou.
• São Jorge é considerado o santo padroeiro dos jogadores de RPG.[carece de fontes?]
• Na umbanda, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo São Jorge é identificado com Ogum.
• A banda inglesa Iron Maiden fala de São Jorge na música "Flash of the Blade", no álbum Powerslave.
• A banda brasileira Angra utilizou a imagem do santo na capa do álbum Temple of Shadows.
• [Ashmole, Elias, The History of the most Noble Order of the Garter: And the several Orders of Knighthood extant in Europe. A Bell; E.Curll; J.Pemberton; A Collins; W.Taylor; J.Baker, London 1715.]
• [Bishop Percy's folio manuscript: loose and humorous songs ed. Frederick J. Furnivall. London, 1868.]
• [The Golden Legend or Lives of the Saints. Compiled by Jacobus de Voragine, Archbishop of Genoa, 1275. First Edition Published 1470. Englished by William Caxton, First Edition 1483, Edited by F.S. Ellis, Temple Classics, 1900 (Reprinted 1922, 1931.) ]
Vi na Toca do Troll
Ou São Jorge para os íntimos.
De acordo com a lenda, Jorge teria nascido na antiga Capadócia, região do sudeste da Anatólia que, atualmente, faz parte da República da Turquia. Ainda criança, mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu pai morrer em batalha. Sua mãe, ela própria originária da Palestina, possuía muitos bens e o educou com esmero. Ao atingir a adolescência, Jorge entrou para a carreira das armas, por ser a que mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade — qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de conde da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo a função de Tribuno Militar.
Nesse tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a corte do Imperador. Vendo, Jorge, que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.
O imperador Diocleciano tinha planos de matar todos os cristãos e no dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses.
Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo. Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O que é a Verdade?". Jorge respondeu-lhe: "A Verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e Nele confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade."
Como Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Todavia, Jorge reafirmava sua fé, tendo seu martírio aos poucos ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se converteu ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito, mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, segundo a tradição católica, em Nicomédia (Ásia Menor).
Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lida (Antiga Dióspolis), cidade em que crescera com sua mãe. Lá ele foi sepultado, e mais tarde o imperador cristão Constantino, mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis para que a devoção ao santo fosse espalhada por todo o Oriente.
Pelo século V, já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, em Bizâncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica.
Disseminação da devoção a São Jorge
Na Itália, era padroeiro da cidade de Gênova. Frederico III da Alemanha dedicou a ele uma Ordem Militar. Na França, Gregório de Tours era conhecido por sua devoção ao santo cavaleiro; o Rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa Clotilde, mandou erguer várias igrejas e conventos em sua honra. A Inglaterra foi o país ocidental onde a devoção ao santo teve papel mais relevante.
O monarca Eduardo III colocou sob a proteção de São Jorge a Ordem da Jarreteira, fundada por ele em 1330. Por considerá-lo o protótipo dos cavaleiros medievais, o rei inglês Ricardo I, comandante de uma das primeiras Cruzadas, constituiu São Jorge padroeiro daquelas expedições que tentavam conquistar a Terra Santa dos muçulmanos. No século XIII, a Inglaterra já celebrava o dia dedicado ao santo e, em 1348, criou a Ordem dos Cavaleiros de São Jorge. Os ingleses acabaram por adotar São Jorge como padroeiro do país, imitando os gregos, que também trazem a cruz de São Jorge na sua bandeira.
Ainda durante a Grande Guerra, muitas medalhas de São Jorge foram cunhadas e oferecidas aos enfermeiros militares e às irmãs de caridade que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos de guerra.
As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo. Em Paris, no Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael, intitulado São Jorge vencedor do Dragão. Na Itália, existem diversos quadros célebres, como um de autoria de Donatello.
A imagem brasileira de São Jorge seria, possivelmente, de autoria de Martinelli.[1]
Padroeiro da Inglaterra
Não há consenso, porém, a respeito da maneira como teria se tornado patrono da Inglaterra. Seu nome era conhecido pelos ingleses e irlandeses muito antes da conquista normanda, o que leva a crer que os soldados que retornavam das cruzadas influíram bastante na disseminação de sua popularidade. Acredita-se que o santo tenha sido escolhido o padroeiro do reino quando o rei Eduardo III fundou a Ordem da Jarreteira, também conhecida como Ordem dos Cavaleiros de São Jorge, em 1348.De acordo com a história da Ordem da Jarreteira, Rei Artur, no século VI,colocou a imagem de São Jorge em suas bandeiras.[2] Em 1415, a data de sua comemoração tornou-se um dos feriados mais importantes do país.
Hoje em dia na Inglaterra, todavia, a festa de São Jorge comemorada todo dia 23 de abril tem tido menos popularidade ao longo das últimas décadas. Algumas rádios locais, como a BBC já chegaram a promover enquetes perguntando qual seria, de acordo com a opinião pública, o orago dos ingleses, e eis que o eleito foi Santo Alba. Muitos fatores contribuíram a isso. Primeiramente por ter sido substituído, segundo bula do Papa Leão XIII de 2 de junho de 1893, por São Pedro como padroeiro da Inglaterra — recomendação que perdura até hoje.
Posteriormente, pelas reformas do Papa Paulo VI, São Jorge foi rebaixado a santo menor de terceira categoria (segundo hierarquia católica), cujo culto seria opcional nos calendários locais e não mais em caráter universal. No entanto, a reabilitação do santo como figura de primeira instância pelo Papa João Paulo II em 2000, conferiu nova relevância a São Jorge. Atualmente, haja vista a grande popularidade e apelo turístico de festas como a escocesa St. Andrew's Day, a irlandesa St. Patrick's Day e mesmo a galesa St. Dave's Day, têm-se formado grande iniciativa de setores nacionalistas para que o St. George's Day volte a gozar da mesma popularidade entre os ingleses como antigamente.
Padroeiro da Catalunha
A presença documental da devoção a São Jorge em terras catalãs remonta ao século VIII: documentos da época falam de um sacerdote de Tarragona chamado Jorge que fugiu para a Itália. Já no século X, um bispo de Vic tinha o nome de Jorge, e no século XI o abade Oliba consagrou um altar dedicado ao santo no mosteiro de Ripoll. Encontram-se exemplos do culto a São Jorge dessa época, na consagração de capelas, altares e igrejas em diversos pontos da Catalunha. Os reis catalães mostraram a sua devoção a São Jorge: Tiago I de Catalunha explica em suas crônica que foi visto o santo ajudando os catalães na conquista da cidade de Malorca; Pedro o Cerimonioso fundou uma ordem de cavalaria sob a sua proteção; Afonso, o Magnânimo dedicou-lhe capelas nos reinos da Sardenha e Nápoles.
Os reis e a Generalidade da Catalunha impulsionaram a celebração da festa de São Jorge por todas as regiões catalãs. Em Valência, em 1343, já era uma festa popular; em 1407, Mallorca celebrava-a publicamente. Em 1436, a Generalidade da Catalunha propôs, nas côrtes reunidas em Montsó, a celebração oficial e obrigatória de São Jorge; em 1456, as côrtes reunidas na Catedral de Barcelona ditaram uma constituição que ordenava a festa, inclusa no código das Constituições da Catalunha. As remodelações do Palácio da Generalidade (sede do governo catalão) feitas durante o século XV são a prova mais clara da devoção impulsionada por esse orgão público, ao colocar um medalhão do santo na fachada gótica e ao construir no interior a capela de São Jorge.
São Jorge, o Dragão e a Lua
Baladas medievais contam[3], que Jorge era filho de Lorde Albert de Coventry. Sua mãe morreu ao dar a luz á ele e o recém nascido Jorge, foi roubado pela Dama do Bosque, para que pudesse mais tarde, fazer proezas com suas armas. O corpo de Jorge, possuia três marcas, um dragão em seu peito, uma jarreira, em volta de uma das pernas e uma cruz vermelho-sangue em seu braço. Ao crescer e adquirir a idade adulta, ele primeiro lutou contra os sarracenos, e depois de viajar, durante muitos meses, por terra e mar, foi para Syle´n, uma cidade da Líbia.
Nesta cidade Jorge encontrou um pobre eremita, que lhe disse que toda cidade, estava em sofrimento,pois lá existia um enorme dragão, cujo hálito venenoso, podia matar toda uma cidade e cuja pele, não poderia ser perfurada, nem por lança e nem por espada. O eremita lhe disse, que todos os dias, o dragão exigia o sacrifício de uma bela donzela e que todas as meninas da cidade, haviam sido mortas, só restando a filha do rei, Sabra, que seria sacrificada no dia seguinte, ou dada em casamento, ao campeão que matasse o dragão.
Ao ouvir a história, Jorge ficou determinado em salvar a princesa, ele pasou a noite na cabana do eremita e quando amanheceu, partiu para o vale onde o dragão morava. Ao chegar lá, viu um pequeno cortejo de mulheres, lideradas por uma bela moça vestindo, trajes de pura seda árabe. Era a princesa, que estava sendo conduzida pelas mulheres, para o local do sacrifício. São Jorge, se colocou na frente das mulheres, com seu cavalo e com bravas palavras, convenceu a princesa a voltar para casa.
O dragão ao ver Jorge, sai de sua caverna, rosnando tão alto, quanto o som de trovões. Mas Jorge não sente medo e enterra sua lança na garganta do monstro, matando-o. Como o rei do Marrocos e do Egito, não queria ver sua filha casada, com um cristão, envia São Jorge para a Persia e ordena que seus homens, o matem. Jorge se livra do perigo e leva Sabra para a Inglaterra, onde se casa e vive feliz, com ela até o dia de sua morte, na cidade de Coventry.
De acordo com a outra versão[4], Jorge acampou com sua armada romana, próximo a Salone, na Líbia. Lá existia um gigantesco crocodilo-alado que estava devorando os habitantes da cidade, que buscarão refúgio nas muralhas desta. Ninguem podia entrar ou sair da cidade, pois o enorme crocodilo alado, se posicionava em frente a estas. O hálito da criatura, era tão venenoso, que pessoas, próximas, podiam morrer envenenadas. Com o intuito de manter, a besta longe da cidade, a cada dia, ovelhas eram oferecidas a fera, até estas terminarem e logo, crianças, passaram a ser sacrificadas
O sacrifício, caiu então, sobre a filha do rei, Sabra, uma menina de quatorze anos. Vestida como se fosse, para o seu próprio, casamento, a menina deixou a muralha da cidade e ficou a espera da criatura. Jorge o tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao episódio, montou em seu cavalo branco e foi até o reino, resgata-la.Jorge foi até o reino resgata-la, mas antes, fez o rei jurar, que se a trouxesse de volta, ele e todos os seus súditos, se converteriam ao cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e do "dragão". Ao encontrar a fera, Jorge a atinge, com sua lança, mas esta, se despedaça, ao ir de encontro a pele do monstro e com o impacto, São Jorge cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o seu corpo, até uma árvore de laranjeira, onde fica protegido por ela, do veneno do dragão, até recuperar suas forças.
Ao ficar pronto, para lutar novamente, Jorge, acerta a cabeça do dragão, com sua poderosa espada Ascalon. O dragão, derrama então o veneno sobre ele,dividindo, sua armadura em dois. Uma vez mais, Jorge busca a proteção da laranjeira e em seguida, crava sua espada, sob a asa do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai muito ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a arrasta, para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa conduzindo o dragão, como um cordeiro, volta para a segurança das muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da fera, na frente de todos; e as pessoas de toda cidade, se tornam cristãs.
O dragão (o demônio) simbolizaria a idolatria destruída com as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu representaria a província da qual ele extirpou as heresias.
A relação entre o santo e a lua viria de uma lenda antiga que acabou virando crença para muitos. Diz a tradição que as manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua ajuda.
São Jorge na cultura popular
• Dia 23 de abril, para algumas das religiões afro-brasileiras, é o dia em que se fazem homenagens ao santo.
• Jorge de Capadócia é uma música de Jorge Ben, interpretada também por Caetano Veloso, Fernanda Abreu e pelos Racionais MC's.
• As tatuagens com o santo estão entre as que fazem mais sucesso no Brasil.[carece de fontes?]
• Atualmente existe uma grande variedade de produtos de moda que possuem a estampa de São Jorge, desde simples camisas até mesmo bolsas de marcas famosas.[carece de fontes?]
• São Jorge é tido como o padroeiro do Corinthians. Acredita-se que sua história de devoção e fidelidade à Verdade cristã até o fim de seu martírio seja a origem do termo "Fiel", popular entre os torcedores e presente em várias agremiações corintianas.
• Existe um romance sobre São Jorge criado pelo escritor italiano Tito Casini chamado Perseguidores e Mártires (no Brasil, editado pelas Edições Paulinas, por volta de 1960). No livro, São Jorge é retratado como o verdadeiro paladino da Capadócia, que, apesar de ser perseguido pelo tirano imperador Diocleciano, manteve-se fiel ao Império Romano, mas também a Cristo, e se recusou a contrair alianças com o genro do imperador, Galério, que pretendia ter o apoio do conde da Capadócia para deliberar um golpe contra Diocleciano, o que terminantemente, o santo militar recusou.
• São Jorge é considerado o santo padroeiro dos jogadores de RPG.[carece de fontes?]
• Na umbanda, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo São Jorge é identificado com Ogum.
• A banda inglesa Iron Maiden fala de São Jorge na música "Flash of the Blade", no álbum Powerslave.
• A banda brasileira Angra utilizou a imagem do santo na capa do álbum Temple of Shadows.
• [Ashmole, Elias, The History of the most Noble Order of the Garter: And the several Orders of Knighthood extant in Europe. A Bell; E.Curll; J.Pemberton; A Collins; W.Taylor; J.Baker, London 1715.]
• [Bishop Percy's folio manuscript: loose and humorous songs ed. Frederick J. Furnivall. London, 1868.]
• [The Golden Legend or Lives of the Saints. Compiled by Jacobus de Voragine, Archbishop of Genoa, 1275. First Edition Published 1470. Englished by William Caxton, First Edition 1483, Edited by F.S. Ellis, Temple Classics, 1900 (Reprinted 1922, 1931.) ]
Vi na Toca do Troll
sábado, 6 de dezembro de 2008
Escritos Curtos 4
Devendo tudo: dinheiro pra mãe, notas na pós-graduação, laudos no trabalho, tempo pros meus amigos. O pior que eu devo é satisfação pessoal pra mim mesmo.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Escritos Curtos 3
Para que servem as unhas senão para serem cortadas curtas e doerem? Para desgastar precocemente os dentes.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Acho que encontrei um irmão que foi trocado na maternidade...
Simplesmente a matéria mais engraçada que já li na vida. Um filho da puta que passou 16 anos dando trotes telefônicos no Clóvis Bornay. É trabalho da Revista M, vale muito uma visita.
DISQUE BORNAY
Clóvis Bornay foi um dos nomes mais famosos do carnaval. Museólogo e carnavalesco, Clóvis era considerado um verdadeiro gênio na arte de criar fantasias, a ponto de ser declarado hors-concours nos desfiles de que participava, já que quase sempre vencia o concurso quando subia na passarela com seus trajes exuberantes. Ele morreu em 2005, aos 89 anos, e causou comoção. Seu rosto e sua voz eram conhecidos por milhares de pessoas, mas poucos o conheceram melhor que Ed, em quem Clóvis nunca pôs os olhos. Foi apenas por telefone que os dois conversaram durante 16 anos. Os bate-papos, que rolavam a qualquer hora do dia, mesmo de madrugada, começavam com Clóvis sempre sendo amável, mas terminavam aos palavrões, com Ed sendo xingado. Por quê? Ah, sim. Faltou dizer que essas ligações eram trotes. Sim, Ed passou 16 anos mandando trotes para Clóvis Bornay.
Ed é um redator publicitário que atende também pelo nome de Edberto Dutra. É pelo apelido que ele é mais conhecido e comentado. É, comentado mesmo. Existe até uma comunidade no Orkut com o nome “Eu conheço o Ed”, na qual as pessoas debatem sobre as maluquices do sujeito. Ed diz que às vezes há um exagero sobre seus feitos. “É verdade que você rola pelo chão dos bancos, para acompanhar a fila até o caixa?”, pergunta a reportagem da M.... “Que nada!”, diz o publicitário, dando uma efêmera sensação de que ele é normal. “As pessoas inventam muito”, continua, reforçando a impressão de que ninguém realmente seria capaz de uma coisa dessas. “O que acontece é que uma vez eu achei a fila do banco muito comprida e sentei no chão. Quando a fila andou, eu estava cansado e resolvi rolar no chão para ir adiante. Mas não é algo que faço sempre”, explica Ed, provando que os boatos são verdadeiros, embora ele não se toque disso.
Para falar sobre seu longo histórico de trotes passados a Clóvis Bornay, Ed recebeu a reportagem da M... na portaria de seu prédio. A idéia era partir para um boteco, mas ele sugeriu que a conversa fosse mesmo em seu apartamento. Antes, avisou sobre o coelho com quem mora. “Ah, já te contaram que eu moro com um coelho! Devem ter falado que a casa fica meio suja, né?”, sonda, abrindo o apartamento, que tem alguns presentinhos espalhados pelo coelho no chão da sala. E não estamos falando de ovos de Páscoa. Ed pede que a reportagem espere na porta para que ele possa limpar o chão. Ele pega uma vassoura e varre apenas uma pequena área da sala, em frente ao sofá, que é onde fica subentendido que o repórter deve se sentar e ouvir como começaram os trotes para Clóvis Bornay.
“Foi em 1980, quando eu tinha uns 16 anos. Eu e uns amigos vimos uma reportagem no jornal O Dia sobre um assassinato em um edifício na Rua Prado Júnior, em Copacabana. Lá tinha uma declaração do Clóvis Bornay, que era o síndico do prédio. Aí pegamos um catálogo telefônico, procuramos pelo endereço e achamos o telefone dele. Naquele dia ligamos pra ele nos fazendo passar pelo assassino, dizendo para ele tomar cuidado, pois estava dando com a língua nos dentes”, relembra Ed, com um brilho nostálgico no olhar. “Aquela foi a primeira fase dos trotes, até 1987. Entre 1984 e 1985, eu ligava semanalmente com meus amigos. Íamos para um orelhão e fi- cávamos nos revezando nas ligações. Telefonávamos às quartas, à noite. A gente sempre ligava antes de ir para a boate e brincávamos com a voz dele e a língua presa”, conta.
Ed recorda que Clóvis começava o papo sempre atencioso, carinhoso. “A gente ligava dizendo que era fã, que achávamos que ele era um vitorioso. Elogiávamos o cabelo dele etc. Já liguei dizendo que eu tinha língua presa e precisava do conselho dele. Também liguei dizendo que era um vestibulando, pensava em fazer museologia e queria a opinião do museólogo mais fodão do país”, narra o algoz, que também costumava se passar por jornalista para introduzir o trote. “Uma vez liguei dizendo que era do Peru Molhado, conhecido jornal de Búzios. Diante do Peru Molhado ele não podia ficar de boca fechada”, brinca Ed.
Quando uma piadinha dessas no fim da conversa revelava que se tratava de um trote, Clóvis passava a vociferar e até partia para ofensas. Soltava coisas do naipe de “Vai roçar a bunda nas ostras do Leme!”, uma sugestão que Ed jamais esquecerá (e provavelmente nunca experimentará, diante da bizarrice da situação). A essa altura, o leitor deve estar se perguntando “Mas Clóvis Bornay não percebia logo de cara que era trote, diante da assiduidade das ligações?”. Ed responde: “Tenho certeza que ele já sabia que era a gente. Mas sempre dava trela. Era um peroba clássico. Nós ligávamos direto, acho que ele gostava, pois era um cara solitário. Mas ele era uma figura meiga, bacana”, lembra, deixando escapar uma palavra de carinho.
Isso porque a intenção de Ed nunca foi ficar amiguinho de Clóvis. O publicitário é conhecido pelas agitações que cria. Mas sempre fora do trabalho, como narram os colegas que já trabalharam com ele em agências. “Não queria confusão, não me convidasse”, é uma das frases de Ed lembradas por um dos colegas convidados a dar depoimentos sobre o sujeito. Vamos evitar que se identifiquem, pois talvez Ed não goste de ver algo aqui revelado. Um desses amigos faz questão de contar um dia específico: “Eu estava ao lado dele, esperando para atravessar a rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. Havia uma pequena multidão de pedestres de cada lado. Assim que abriu o sinal, ele saiu correndo e berrando: ‘atacaaaaar!’. Depois, pelo caminho, foi recolhendo todos os panfletos distribuídos na rua. Aí parou numa esquina e começou a distribuir os papéis. Mas quando um incauto se interessava em pegar, ele puxava o panfleto de volta. E no elevador do shopping lotado, em alto e bom som, começou a falar, do nada: ‘eu poderia estar roubando, eu poderia estar roubando, mas não. Estou aqui fazendo porra nenhuma!’”, relembra.
Ed não é de perder a piada, como conta outro colega. “Uma mulher apresentou a ele uma amiga. Ela falou ‘Lembra dela, Ed? Do Hipódromo?’, disse, referindo-se ao popular bar do Baixo Gávea. Ele respondeu apenas ‘De que páreo?’”. Outro caso que mostra a rapidez e a cara de pau de Ed é narrado por mais um amigo. “Ele e um colega estavam andando na rua, voltando do almoço na Praia de Botafogo. Parou um carro ao lado deles e o motorista perguntou: ‘Amigão, Santos Dumont?’, querendo saber onde era o aeroporto. Resposta do Ed, contrito: ‘Morreu!’”. Outra memorável ocasião, lembrada por um colega: “Assim que começaram aquelas imagens nas embalagens de cigarro, advertindo sobre os problemas do fumo, vi o Ed com o maço que tinha estampada a foto de um bebê prematuro. Perguntei se olhar aquela imagem o assustava. Ele respondeu: ‘Com essa idade eu não fumava’”.
Diante de descrições como essa, dá para entender a bronca com que Ed ficou de alguns colegas quando veio a sua segunda fase de trotes. A primeira acabou quando seus amigos foram se mudando para outros lugares e deixaram de ser seus vizinhos. A nova etapa começou em 1993, quando Ed já era adulto, um profissional respeitado. Um dia, na agência em que trabalhava, ele contou para os colegas sobre esse antigo hobby. “Eles não acreditaram e na mesma hora falei o telefone do Clóvis. Eu já estava há dez anos sem ligar, mas lembrava do número, que não esqueço até hoje: 275-9962. Aí liguei e todos gostaram. Acabou que o pessoal lá adotou a prática, que se espalhou para outras agências depois”, conta Ed.
Mas a falta de maldade de alguns dos novos praticantes irritou Ed. “O pessoal da agência onde eu trabalhava acabou ficando amiguinho. As meninas ligavam pedindo conselho sobre fantasia de carnaval. Aí perdeu a razão. Minha intenção sempre foi a de fingir amizade para depois descabelar o velho”, critica Ed. Seus colegas foram além nessa história de ficar bem com Clóvis Bornay. “Quando ele foi internado no hospital, o pessoal queria ir lá visitá-lo. Eu não quis. Depois de quase 20 anos zoando o cara, eu me sentiria mal. Talvez ele até tivesse fairplay. Às vezes me falavam que essa minha história com o Clóvis era digna de ir parar no programa do Jô Soares. Mas eu acho que se eu fosse lá contar os trotes, iam acabar armando de botar o Clóvis saindo dos bastidores para confraternizar comigo. Não queria isso”, diz. Mas Ed uma vez deu uma leve confraternizada com o museólogo. “Uma vez liguei pra ele e me identifiquei, dizendo que eu sempre ligava com uns amigos. Relembrei uns trotes. Ele confirmou que sabia que era a gente que sempre telefonava”, revela.
Por falar em relembrar trotes, Ed diz que é impossível escolher sua melhor façanha. “Cara, trote é como filho. Impossível dizer qual é o favorito”. Mas pela empolgação com que narrou alguns deles, é possível chegar a dois feitos de que se orgulha. Um deles foi passado depois que Ed viu no programa Sem censura, da antiga TVE, que Clóvis havia ganho seu primeiro prêmio em um concurso no clube Fluminense. “Ele contou que depois de vencer, não queriam que ficasse com o troféu, porque ele não poderia ter participado do concurso, já que não era sócio do clube. Aí liguei para ele dizendo que era o Seu Macedo, do almoxarifado do Fluminense. Falei que tinham sentido falta do troféu no clube e que eu ia lá na casa dele buscar. O Clóvis ficou nervosíssimo e disse que não ia devolver!”, lembra.
Outro que conta com um sorriso maior nos lábios foi o que passou quando viajou para os Estados Unidos. O requinte de crueldade: foi um trote a cobrar. “Eu estava nos Estados Unidos e soube que o Clóvis tinha se casado. Era madrugada. Liguei a cobrar e ele atendeu. Aí perguntei se ele tinha recebido a baixela de prata que mandei de presente de casamento”, conta Ed, explicando por que gostava tanto da prática e por que só passava trotes, única e exclusivamente, para Clóvis. “O legal do trote era ver um cara carinhoso como ele chegando ao fim do telefonema xingando a gente. Era uma coisa inesperada. O bacana para quem ouvia era ver ele partindo da meiguice para a revolta”, teoriza.
Ao fim da entrevista, dá para perceber que Ed tem saudades de Clóvis. “Quando ele morreu, recebi uns dez telefonemas. Quando minha avó morreu, se me ligaram duas vezes foi muito. Olha, nunca tive uma namorada para quem liguei tanto quanto eu ligava para o Clóvis”, contabiliza Ed, que já pensou em um substituto em seu coração. “Sabe quem seria legal para passar trotes? O David Brazil. A voz dele e a gagueira devem render bem”. Quando a reportagem já está de saída, a caminho do elevador, surge a pergunta. “Ed, você já pensou que agora que está em outro mundo, o Clóvis Bornay pode aparecer para lhe passar também uns trotes?”. Ed fica parado por uns segundos, com o olhar sério. “Poxa, não foi bom você falar isso. Nunca havia pensado nessa possibilidade. Agora fiquei preocupado”, responde antes de voltar para seu apartamento. Mas ele tem a companhia do coelho. O bichinho de estimação também deve servir para afugentar espíritos brincalhões. É só não varrer o chão.
Vi no ANDRE DAHMER
DISQUE BORNAY
Clóvis Bornay foi um dos nomes mais famosos do carnaval. Museólogo e carnavalesco, Clóvis era considerado um verdadeiro gênio na arte de criar fantasias, a ponto de ser declarado hors-concours nos desfiles de que participava, já que quase sempre vencia o concurso quando subia na passarela com seus trajes exuberantes. Ele morreu em 2005, aos 89 anos, e causou comoção. Seu rosto e sua voz eram conhecidos por milhares de pessoas, mas poucos o conheceram melhor que Ed, em quem Clóvis nunca pôs os olhos. Foi apenas por telefone que os dois conversaram durante 16 anos. Os bate-papos, que rolavam a qualquer hora do dia, mesmo de madrugada, começavam com Clóvis sempre sendo amável, mas terminavam aos palavrões, com Ed sendo xingado. Por quê? Ah, sim. Faltou dizer que essas ligações eram trotes. Sim, Ed passou 16 anos mandando trotes para Clóvis Bornay.
Ed é um redator publicitário que atende também pelo nome de Edberto Dutra. É pelo apelido que ele é mais conhecido e comentado. É, comentado mesmo. Existe até uma comunidade no Orkut com o nome “Eu conheço o Ed”, na qual as pessoas debatem sobre as maluquices do sujeito. Ed diz que às vezes há um exagero sobre seus feitos. “É verdade que você rola pelo chão dos bancos, para acompanhar a fila até o caixa?”, pergunta a reportagem da M.... “Que nada!”, diz o publicitário, dando uma efêmera sensação de que ele é normal. “As pessoas inventam muito”, continua, reforçando a impressão de que ninguém realmente seria capaz de uma coisa dessas. “O que acontece é que uma vez eu achei a fila do banco muito comprida e sentei no chão. Quando a fila andou, eu estava cansado e resolvi rolar no chão para ir adiante. Mas não é algo que faço sempre”, explica Ed, provando que os boatos são verdadeiros, embora ele não se toque disso.
Para falar sobre seu longo histórico de trotes passados a Clóvis Bornay, Ed recebeu a reportagem da M... na portaria de seu prédio. A idéia era partir para um boteco, mas ele sugeriu que a conversa fosse mesmo em seu apartamento. Antes, avisou sobre o coelho com quem mora. “Ah, já te contaram que eu moro com um coelho! Devem ter falado que a casa fica meio suja, né?”, sonda, abrindo o apartamento, que tem alguns presentinhos espalhados pelo coelho no chão da sala. E não estamos falando de ovos de Páscoa. Ed pede que a reportagem espere na porta para que ele possa limpar o chão. Ele pega uma vassoura e varre apenas uma pequena área da sala, em frente ao sofá, que é onde fica subentendido que o repórter deve se sentar e ouvir como começaram os trotes para Clóvis Bornay.
“Foi em 1980, quando eu tinha uns 16 anos. Eu e uns amigos vimos uma reportagem no jornal O Dia sobre um assassinato em um edifício na Rua Prado Júnior, em Copacabana. Lá tinha uma declaração do Clóvis Bornay, que era o síndico do prédio. Aí pegamos um catálogo telefônico, procuramos pelo endereço e achamos o telefone dele. Naquele dia ligamos pra ele nos fazendo passar pelo assassino, dizendo para ele tomar cuidado, pois estava dando com a língua nos dentes”, relembra Ed, com um brilho nostálgico no olhar. “Aquela foi a primeira fase dos trotes, até 1987. Entre 1984 e 1985, eu ligava semanalmente com meus amigos. Íamos para um orelhão e fi- cávamos nos revezando nas ligações. Telefonávamos às quartas, à noite. A gente sempre ligava antes de ir para a boate e brincávamos com a voz dele e a língua presa”, conta.
Ed recorda que Clóvis começava o papo sempre atencioso, carinhoso. “A gente ligava dizendo que era fã, que achávamos que ele era um vitorioso. Elogiávamos o cabelo dele etc. Já liguei dizendo que eu tinha língua presa e precisava do conselho dele. Também liguei dizendo que era um vestibulando, pensava em fazer museologia e queria a opinião do museólogo mais fodão do país”, narra o algoz, que também costumava se passar por jornalista para introduzir o trote. “Uma vez liguei dizendo que era do Peru Molhado, conhecido jornal de Búzios. Diante do Peru Molhado ele não podia ficar de boca fechada”, brinca Ed.
Quando uma piadinha dessas no fim da conversa revelava que se tratava de um trote, Clóvis passava a vociferar e até partia para ofensas. Soltava coisas do naipe de “Vai roçar a bunda nas ostras do Leme!”, uma sugestão que Ed jamais esquecerá (e provavelmente nunca experimentará, diante da bizarrice da situação). A essa altura, o leitor deve estar se perguntando “Mas Clóvis Bornay não percebia logo de cara que era trote, diante da assiduidade das ligações?”. Ed responde: “Tenho certeza que ele já sabia que era a gente. Mas sempre dava trela. Era um peroba clássico. Nós ligávamos direto, acho que ele gostava, pois era um cara solitário. Mas ele era uma figura meiga, bacana”, lembra, deixando escapar uma palavra de carinho.
Isso porque a intenção de Ed nunca foi ficar amiguinho de Clóvis. O publicitário é conhecido pelas agitações que cria. Mas sempre fora do trabalho, como narram os colegas que já trabalharam com ele em agências. “Não queria confusão, não me convidasse”, é uma das frases de Ed lembradas por um dos colegas convidados a dar depoimentos sobre o sujeito. Vamos evitar que se identifiquem, pois talvez Ed não goste de ver algo aqui revelado. Um desses amigos faz questão de contar um dia específico: “Eu estava ao lado dele, esperando para atravessar a rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. Havia uma pequena multidão de pedestres de cada lado. Assim que abriu o sinal, ele saiu correndo e berrando: ‘atacaaaaar!’. Depois, pelo caminho, foi recolhendo todos os panfletos distribuídos na rua. Aí parou numa esquina e começou a distribuir os papéis. Mas quando um incauto se interessava em pegar, ele puxava o panfleto de volta. E no elevador do shopping lotado, em alto e bom som, começou a falar, do nada: ‘eu poderia estar roubando, eu poderia estar roubando, mas não. Estou aqui fazendo porra nenhuma!’”, relembra.
Ed não é de perder a piada, como conta outro colega. “Uma mulher apresentou a ele uma amiga. Ela falou ‘Lembra dela, Ed? Do Hipódromo?’, disse, referindo-se ao popular bar do Baixo Gávea. Ele respondeu apenas ‘De que páreo?’”. Outro caso que mostra a rapidez e a cara de pau de Ed é narrado por mais um amigo. “Ele e um colega estavam andando na rua, voltando do almoço na Praia de Botafogo. Parou um carro ao lado deles e o motorista perguntou: ‘Amigão, Santos Dumont?’, querendo saber onde era o aeroporto. Resposta do Ed, contrito: ‘Morreu!’”. Outra memorável ocasião, lembrada por um colega: “Assim que começaram aquelas imagens nas embalagens de cigarro, advertindo sobre os problemas do fumo, vi o Ed com o maço que tinha estampada a foto de um bebê prematuro. Perguntei se olhar aquela imagem o assustava. Ele respondeu: ‘Com essa idade eu não fumava’”.
Diante de descrições como essa, dá para entender a bronca com que Ed ficou de alguns colegas quando veio a sua segunda fase de trotes. A primeira acabou quando seus amigos foram se mudando para outros lugares e deixaram de ser seus vizinhos. A nova etapa começou em 1993, quando Ed já era adulto, um profissional respeitado. Um dia, na agência em que trabalhava, ele contou para os colegas sobre esse antigo hobby. “Eles não acreditaram e na mesma hora falei o telefone do Clóvis. Eu já estava há dez anos sem ligar, mas lembrava do número, que não esqueço até hoje: 275-9962. Aí liguei e todos gostaram. Acabou que o pessoal lá adotou a prática, que se espalhou para outras agências depois”, conta Ed.
Mas a falta de maldade de alguns dos novos praticantes irritou Ed. “O pessoal da agência onde eu trabalhava acabou ficando amiguinho. As meninas ligavam pedindo conselho sobre fantasia de carnaval. Aí perdeu a razão. Minha intenção sempre foi a de fingir amizade para depois descabelar o velho”, critica Ed. Seus colegas foram além nessa história de ficar bem com Clóvis Bornay. “Quando ele foi internado no hospital, o pessoal queria ir lá visitá-lo. Eu não quis. Depois de quase 20 anos zoando o cara, eu me sentiria mal. Talvez ele até tivesse fairplay. Às vezes me falavam que essa minha história com o Clóvis era digna de ir parar no programa do Jô Soares. Mas eu acho que se eu fosse lá contar os trotes, iam acabar armando de botar o Clóvis saindo dos bastidores para confraternizar comigo. Não queria isso”, diz. Mas Ed uma vez deu uma leve confraternizada com o museólogo. “Uma vez liguei pra ele e me identifiquei, dizendo que eu sempre ligava com uns amigos. Relembrei uns trotes. Ele confirmou que sabia que era a gente que sempre telefonava”, revela.
Por falar em relembrar trotes, Ed diz que é impossível escolher sua melhor façanha. “Cara, trote é como filho. Impossível dizer qual é o favorito”. Mas pela empolgação com que narrou alguns deles, é possível chegar a dois feitos de que se orgulha. Um deles foi passado depois que Ed viu no programa Sem censura, da antiga TVE, que Clóvis havia ganho seu primeiro prêmio em um concurso no clube Fluminense. “Ele contou que depois de vencer, não queriam que ficasse com o troféu, porque ele não poderia ter participado do concurso, já que não era sócio do clube. Aí liguei para ele dizendo que era o Seu Macedo, do almoxarifado do Fluminense. Falei que tinham sentido falta do troféu no clube e que eu ia lá na casa dele buscar. O Clóvis ficou nervosíssimo e disse que não ia devolver!”, lembra.
Outro que conta com um sorriso maior nos lábios foi o que passou quando viajou para os Estados Unidos. O requinte de crueldade: foi um trote a cobrar. “Eu estava nos Estados Unidos e soube que o Clóvis tinha se casado. Era madrugada. Liguei a cobrar e ele atendeu. Aí perguntei se ele tinha recebido a baixela de prata que mandei de presente de casamento”, conta Ed, explicando por que gostava tanto da prática e por que só passava trotes, única e exclusivamente, para Clóvis. “O legal do trote era ver um cara carinhoso como ele chegando ao fim do telefonema xingando a gente. Era uma coisa inesperada. O bacana para quem ouvia era ver ele partindo da meiguice para a revolta”, teoriza.
Ao fim da entrevista, dá para perceber que Ed tem saudades de Clóvis. “Quando ele morreu, recebi uns dez telefonemas. Quando minha avó morreu, se me ligaram duas vezes foi muito. Olha, nunca tive uma namorada para quem liguei tanto quanto eu ligava para o Clóvis”, contabiliza Ed, que já pensou em um substituto em seu coração. “Sabe quem seria legal para passar trotes? O David Brazil. A voz dele e a gagueira devem render bem”. Quando a reportagem já está de saída, a caminho do elevador, surge a pergunta. “Ed, você já pensou que agora que está em outro mundo, o Clóvis Bornay pode aparecer para lhe passar também uns trotes?”. Ed fica parado por uns segundos, com o olhar sério. “Poxa, não foi bom você falar isso. Nunca havia pensado nessa possibilidade. Agora fiquei preocupado”, responde antes de voltar para seu apartamento. Mas ele tem a companhia do coelho. O bichinho de estimação também deve servir para afugentar espíritos brincalhões. É só não varrer o chão.
Vi no ANDRE DAHMER
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Escritos Curtos 2
Tempo seco, mato seco, vento forte e frio. Cheiro de creolina. Aguardo a grávida chegar para ser submetida a exame de corpo de delito no SML de Colatina.
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